sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

BAIRRO DA JUSTINADA


Situado cerca de 20 quilômetros da sede do município de São Miguel Arcanjo, o Bairro da Justinada tem São Roque como seu santo protetor. 
Antigamente era chamado Bairro dos Justinos.
Terra de fandangueiros como o grupo organizado pelo Pedro Bento.
Morava lá o João Rodrigues casado com Joaquina Maria Francisca e pais de Virgílio Rodrigues, lavrador, que se casou com Roberta Rolim, filha de Antonio Rolim da Silva e Geraldina Holária do Espírito Santo. Virgílio nasceu em 1.912 e sua esposa em 1.913 lá mesmo. 
Em 1.897, os moradores requereram à Câmara Municipal de São Miguel que os lavradores se obrigassem a fechar seus terrenos para que os animais de criação pastassem à vontade.
Virgílio Carlos de Noronha teve lá um dos primeiros armazéns de secos e molhados. 
No ano de 1.923, Izabel Christina de Mello era professora na Escola Rural do Bairro, conforme consta do jornal "Tribuna Popular", de Itapetininga, edição de 23 de outubro de 1.923. Mas a Escola Mista Rural Municipal só foi criada pela lei 104, de 1.954.
Era tradicional no Bairro a realização da feira de palmitos, todos os domingos.
Quanto a esse acontecimento, nota-se nas correspondências entre o Major Luiz Válio, Diretor da Seção de Estatística da Câmara Municipal de São Miguel Arcanjo e Mário de Andrade, escritor e Diretor do Departamento de Cultura, presidente da SEF, que coletava material para o folclore nacional.
Pelo arquivo do SEF, vê-se que para lá foram enviadas duas fotografias que comprovavam a feira. 
Veja abaixo:
227. Ofício de Luiz Valio, Diretor da Seção de Estatística da Câmara Municipal, a Mário de Andrade, Diretor do Departamento de Cultura, Presidente da SEF, aceitando fiscalizar a zona compreendida entre S. Miguel Arcanjo, Pilar, Capão Bonito, inclusive o distrito de Guapiara. Enviará observações sobre a festa folclórica no bairro do Taquaral em 08 de dezembro, e os trabalhos de sua autoria publicados na imprensa local, para aproveitar a parte referente ao folclore regional. São Miguel Arcanjo, 09 de novembro de 1937. 2p. datil.; papel timbrado: Câmara Municipal São Miguel Arcanjo, Estado de São Paulo.
Anexos:
7 fotos em preto e branco assim descritas:
1) Rua Santa Cruz, início da Estrada de Rodagem Sete Barras, S. Miguel Arcanjo, Luiz Valio, medida: 6,3x4,4cm;
2) Feira dos palmitos aos Domingos - Bairro da “Justinada”, S. Miguel Arcanjo, Luiz Valio, medida: 5,6x4,5cm;
3) Fabricando o fumo de corda, Bairro do Sumidouro, S. Miguel Arcanjo, Luiz Valio, medida: 5,7x4,2cm;
4) Feira de palmitos aos Domingos - Bairro da “Justinada”, S. Miguel Arcanjo, Luiz Valio, medida: 6,7x4,6cm;
5) Bomba a gás na estrada da cidade vindo de São Paulo, S. Miguel Arcanjo, Luiz Valio, medida: 5,7x4,2cm



No ano de 1.953, o Bairro foi alvo de uma grande queimada, conforme foi noticiado pelo jornal "O Estado de São Paulo", em data de 30 de agosto de 1.953, no seguinte teor:

"Lavra, neste município, há cerca de 15 dias, incêndio de grandes proporções, tendo recrudescido de violência nestes últimos 3 dias, por ação do vento noroeste.
O incêndio foi provocado por queimadas e atingiu numerosas propriedades agrícolas, como Fazenda Agropecuária, Fazenda Balboni e matas do Lajeado, Justinada, Alegre, Turvinho, Facão, Capão Rico, etc.

Os prejuízos são consideráveis, pois nestes últimos 3 dias o fogo atingiu pastagens, casas de lavradores e carvoarias".

Na década de 60, Eduardo José Ribeiro e Narcizo José Ribeiro recolhiam impostos de seus armazéns. 

Suicídio no Bairro

No ano de 1.995, Miguel Nunes, com 26 anos, filho de Antonio Caetano Nunes e Cacilda Igina Pereira, residentes no Bairro, suicidou-se com uma espingarda: 3 projéteis de chumbo estavam alojados em seu crânio. 
Os motivos continuam ignorados até hoje.

Outro suicídio no Bairro

Aconteceu no dia 02 de agosto de 2.009, um domingo. O menor de 16 anos, D. S. V., solteiro, trabalhador braçal, natural do município e morador no Sítio São José, enforcou-se.
Segundo o BO: no local dos fatos segundo familiares da vítima, o mesmo estava desaparecido de sua residência desde o dia 01 de agosto, sendo que encontraram a vítima enforcada com uma corda amarrada em uma árvore. Segundo os familiares, a vítima fazia uso de remédio controlado e não sabiam informar o motivo do rapaz cometer o suicídio.

UM CAUSO: O Poço Maldito

Antigamente, quando uma pessoa estava desanimada da vida, pensava logo em atirar-se poço abaixo.
Era a maneira mais fácil de dizer adeus a um mundo mau, pois em toda casa havia um poço no quintal.
Assim, jogaram-se no poço de casa muitas mocinhas desenganadas pelos noivos.
Quando a Marlene desapareceu, o Bairro da Justinada em peso pôs-se a procurar a moça.
Todos os poços da família e dos parentes foram vasculhados.
Não havia nada.
O rapaz, antes namorado de Marlene, que havia viajado, abandonando a rapariga, de repente voltou para o Bairro com uma nova mulher a tiracolo.
Desde que ali chegou, a coitada não teve mais sossego.
Tudo o que comia, vomitava.
E, se bebia, vomitava também.
O marido administrava um sítio muito longe dali, permanecendo semanas fora de casa.
Impressionado com o estado da mulher, levou-a a um médico em Sorocaba, que a muito custo diagnosticou: ela estava engolindo cabelos.
Que cabelos?
O marido, meio desconfiado, resolveu mandar um rapaz sondar o poço de casa.
Lá no fundo, já apodrecido, encontraram o corpo de Marlene.
Ela havia se atirado para nunca mais sobreviver.
Só depois de umas duas décadas é que todos os poços da cidade foram desativados.

OUTRO CAUSO: A NÉVOA 

No tempo dos nossos avós, São Miguel era uma vila habitada por índios. 
No Bairro do Lajeado, havia uma tribo que deve ter fugido para os sertões de Cananéia. Nos sertões que deram origem ao Bairro da Justinada, imperavam os jagunços que eram filhos de índios e assassinavam qualquer pessoa que adentrasse as posses dos seus patrões. Eram bem pagos para proteger essas terras Nos anos 70 houve queixa na Delegacia de Polícia de Piedade que um fulano de nome Cecílio surrupiava palmito de lá para comercializar na região. Dois Pms foram enviados para o local. E como não voltaram, vieram à tona fatos verídicos, de pessoas desaparecidas, como o Espanhol. Um grupo de sete policiais foi designado para as buscas. 
Depois de muita andança, encontraram. Eles diziam ter-se perdido, pois havia uma névoa que os deixara atordoados e sem direção. Foram todos localizados. O Cecílio também. Mas os mistérios do sertão continuam e são desconcertantes.

(Fonte: "Causos e Conformes", volume I, da Associação Casa do Sertanista de São Miguel Arcanjo, Editora Trombetti, 2.010)

No ano de 2.000, havia no Bairro da Justinada, 156 eleitores.

UMA NOTICIA RECENTE:

14/05/2012 20h47
Polícia apreende palmito in natura em São Miguel Arcanjo, SP
O material estava em uma casa no bairro Justinada. 
Do G1 Itapetininga e Região

Mil e quinhentas unidades de palmito in natura foram apreendidas em uma casa em São Miguel Arcanjo (SP) nesta segunda-feira (14). Os produtos estavam em uma casa no bairro JustinadaDe acordo com a Polícia Militar Ambiental de Itapetininga (SP), o local foi descoberto após denúncia anônima. O palmito da espécie Jussara, que está ameaçada de extinção, estava dentro de um carro estacionado na residência. A PM acredita que os criminosos iriam levar o material para outro local onde seria processado para conserva. Ainda de acordo com a polícia, o vegetal provavelmente teria sido extraído do Parque Estadual Carlos Botelho. Os suspeitos fugiram.

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