terça-feira, 17 de março de 2015

POEMA DE ÂNGELO MAZZALAI:

"NAYDE"

Qual branca margarida ao frio de maio
Desprende as castas pétalas de neve;
Qual múrmure cicio de aragem leve
Passaste, ó Nayde, ao eternal desmaio.

Beijou-te o sol, entrando de soslaio,
Ontem à tarde, em tua agonia breve,
O longo curso, súbito susteve,
Pra levar-te na glória de um seu raio.

Fruto de um beijo fecundante e puro,
Ânsias de um coração apaixonado,
 Eis tua vida, ó Nayde, o teu futuro.

Como cirros no azul imaculado,
Voaste deste mundo infenso, impuro,
Deixando em crepe um sonho de noivado.

In A RAZÃO, de 06/09/1923

BENEFICÊNCIA: TÔNICA DE "A RAZÃO"

O extinto jornal A Razão, em São Miguel Arcanjo, instituiu uma Caixa Beneficente com o objetivo de entregar dinheiro e gêneros alimentícios  aos pobres e aos lázaros da cidade.
Contribuíam com essa Caixa, os seguintes cidadãos:

Major Luiz Válio
Mário de Medeiros
Cirila Nogueira Válio 
Georgina Válio 
Georgina Fogaça 
Morena Galvão
Maria Laura Fogaça
Maria Noronha Galvão
Petronila Borges
Maria Ferreira Cavaccini
Amélia Galvão
Cassiano Vieira
Clodomiro Arantes Galvão
Thomaz Arantes Galvão
Benedito Vieira Pinto
Manoel Teixeira de Arruda

POEMA DE ÂNGELO MAZZALAI:








"NINHO ABANDONADO"

Já não te lembras mais do nosso ninho,
Tão caro, um dia, ao nosso amor discreto,
Oculto entre roseiras, rosmaninho,
sorrindo ao sol, em seu silêncio quieto.

As mesmas flores bordam o caminho,
O velho parque não mudou de aspecto;
Na penumbra dourada, o chalezinho
Ostenta ufano o rendilhado teto.

Ah, como é triste agora, muito triste,
Esse ninho taful que amamos tanto,
E que deserto e solitário existe!

É que lhe falta, amor, o teu encanto,
A doce luz de teu olhar, o chiste
Que brincava em teus lábios de amaranto.

OBS: Este poema foi extraído do extinto jornal são-miguelense "A Razão", do Partido Republicano Municipal de São Miguel Arcanjo, fundado e dirigido pelo Major Luiz Válio e gerenciado por Mário de Medeiros.
Em 
27/09/1923.
Doação de Paulo Manoel Silva Filho para o acervo de Luiza Válio.
Ângelo Mazzalai foi um grande maestro.

ACERCA DE UMA GAROTA CHAMADA NARCIZA DA SILVA

Das páginas do extinto jornal "A Razão", de São Miguel Arcanjo, o caso de uma garota de menor, tendo como título 

{ UM CASO A ESCLARECER:

Fomos informados, em princípios do corrente, de que a menor Narciza da Silva, filha ilegítima do falecido Ignácio José da Silva, vulgarmente conhecido pela alcunha de Ignácio Barbeiro, fora expulsa da casa do senhor José Piedade onde morou por alguns anos, sendo levada para casa de sua mãe, que vive amasiada no Bairro do Taquaral, município de Capão Bonito.
Dias depois, alarmantes notícias sobre a honorabilidade da referida órfã correram pela cidade, dentre elas, destacando-se a de que sua mãe, não podendo tê-la em sua companhia, a havia trazido para cá, a fim de entregá-la à polícia.
Entretanto, tal fato, isto é, o fato da entrega à polícia não se deu, tendo apenas sido esta informada de que a menor desejava residir em Itapetininga.
No dia seguinte, de fato, foi ela remetida para aquela cidade, ignorando-se atualmente o seu paradeiro.
Tratando-se de boatos alarmantes, que muito depõem contra a honorabilidade de uma menor órfã e pobre, levamos o fato ao conhecimento do digno Dr. Curador de Órfãos da Comarca, a fim de se fazer investigações sérias sobre o caso, pois somos de parecer tratar-se de alguma calúnia levantada grosseiramente contra a referida menor que, sem o necessário corretivo da justiça para esclarecimento da verdade, ficará para sempre prejudicada em sua reputação que, até há bem pouco tempo, era considerada ilesa. 
Esperamos, portanto, que a justiça esclareça o enigma, descobrindo o paradeiro de Narciza, bem como o motivo porque tem ela andado de Herodes a Pilatos, isto é, daqui para Taquaral, de Taquaral para aqui e daqui para Itapetininga, dentro de poucos dias.
Voltaremos ao assunto, se preciso for.}

OBS: o referido jornal faz parte do acervo de Luiza Válio.

NA RUA DO GUAPÉ, NÚMERO 9, FICAVA A "CASA SYRIA", DE NAGIB SALIM


































Recorte do extinto jornal "A RAZÃO", de 1923.

1923: SETENÁRIO EM LOUVOR AO PADROEIRO DA CIDADE


































O termo setenário era utilizado porque as festas comemorativas ao padroeiro São Miguel duravam sete dias.
O recorte é do extinto jornal "A RAZÃO", edição do dia 27 de setembro de 1923, que tinha como Diretor o Major Luiz Válio e como Gerente, Mário de Medeiros.
Do acervo de Luiza Válio.