domingo, 27 de abril de 2014

ACONTECEU EM 1973


PRAÇA ROSA MÍSTICA

Pela lei número 1726, de 19 de novembro de 1991, aprovada pela Câmara Municipal, ficou denominado "Praça Rosa Mística" o logradouro público situado entre a Rua José Rolim de Moura e a Rodovia Santiago França, no Conjunto Habitacional Creso Fraga Moreira.
Era tempo do prefeito José Antonio Terra França.


O PRIMEIRO BANCO CHAMAVA-SE BANCO INTERCONTINENTAL DO BRASIL E FICAVA NA PÇA. TENENTE URIAS, 523. QUANDO ELE ENCERROU SUAS ATIVIDADES, SÃO MIGUEL APARECEU NO ESTADÃO: 1970. VEJA O COMUNICADO ABAIXO:


O ALCATRÃO DE SÃO MIGUEL ARCANJO

((( Alcatrão Vegetal
"Há tempos os srs. José Assad & Filhos presentearam-nos com cerca de 10 litros de alcatrão vegetal, producto de sua fabrica nesta cidade e que está sendo largamente usado para diversos fins.
Extrahido do nó de pinho, por um processo especial de sua invenção, dá um liquido negro e consistente, de um cheiro agradavel e insoluvel na agua. 
Segundo as analyses ja feitas contem elle cerca de 35% de creosoto, alem de outros componentes como sejam o iodo e certos acidos ainda não completamente reconhecidos.
Dessa amostra que recebemos e distribuimos, resultados surprehendentes tem sido observados na cura de feridas antigas e de mau carater, que cicatrisam com apenas duas applicações do alcatrão.
Para a cura de bernes do gado com uma applicação apenas ficam exterminados os vermes e em poucos dias a pelle e os pellos tornam-se lustrosos, desapparecendo os vestigios do mal. Para a saude do gado é inqualificavel o resultado obtido: - É bastante collocar no côcho 1/2 litro do alcatrão com algumas latas de agua, que se agitará bem. O gado, bebendo desta agua póde abster-se do sal com vantagem porque dá-lhe saude, provocando fome devoradora.
Para preservação da madeira, o alcatrão vegetal de que fallamos não tem igual. 
Não só preserva dos carunchos, dando um lustre bellissimo como é especial para a parte que vai à terra, que nunca apodrecerá.
Pedimos desculpas aos srs. José Assad & Filhos si somente agora publicamos estas linhas, pois queriamos primeiramente ficar inteirados dos resultados a que submetemos o producto."
)))))))

-Transcrito do extinto jornal "O Progresso", dia 30 de agosto de 1.931; tal como foi escrito.

OS PRIMEIROS CICLOS ECONÔMICOS


O FUMO DE SÃO MIGUEL ARCANJO, SEGUNDO ALUÍSIO DE ALMEIDA.


O Monsenhor Luiz Castanho de Almeida nasceu aos 06 de novembro de 1.904 em Guareí e foi ordenado padre em 08 de maio de 1.927 pelo Bispo Dom Aguirre. Mas foi como historiador que deixou sua marca indelével de escritor/pesquisador principalmente de eventos pelo interior de São Paulo.Faleceu no dia 28 de fevereiro de 1.981.
Em nossas pesquisas sobre São Miguel Arcanjo junto ao acervo do "Estadão", chegamos a um texto escrito por ele na edição do dia 06 de abril de 1.947, intitulado:

"MESTRES FUMEIROS"

"Em São Miguel Arcanjo, além Itapetininga e, hoje, à beira da estrada de rodagem São Paulo - Curitiba, a cultura do fumo foi introduzida pelos seus primeiros povoadores, aí por volta de 1.840.

Eles eram em grande parte originários do Sul de Minas, uns e outros paulistas das fronteiras com Minas, parentes do fundador Tenente Urias, os Nogueiras, os Terras, os Galvão, os Ribeiros e Carvalho, estes de São João del Rey, descendentes de uma das três famílias ilhoas.

Os netos desses povoadores contam que os sulmineiros trouxeram da terra os seus métodos e, tudo o indica, as primeiras sementes de fumo maependi, de Baependi, o município mineiro que desde o século 18 repartia com o de São Sebastião, paulista, a honra de produzir o melhor fumo.

Se um dia o leitor escrever um romance histórico do século 18, pode por na boca de seus personagens uma cachimbada de maependi e um cigarro de fumo da Ilha.

A Ilha é de São Sebastião, mas o fumo é do Continente: uma figura de retórica nos domínios do tabaco.

São Miguel Arcanjo, e muito menos Itapetininga, não eram sertões desconhecidos há um século. E, pois, já conheciam outra variedade de fumo, a que chamavam ituano, na falta de outra indicação.

Essa questão de onomatologia é uma encrenca.

É possível que não haja fumo ituano, ou deles não saibam os "fidelíssimos".

Mas em São Miguel Arcanjo, fumo que não é maependi, é ituano.

Ainda hoje.

Bem sabemos haver por aí muitas variedades, fruto do saber de experiências, feito Brasil-Bahia, Sumatra, Herzegoviana, Sansum, Porsucian, e não muito popularizadas, mas não escrevemos para botânicos e agrônomos e, sim, assinalamos os costumes mais usuais.

E muitas vezes os nomes de Rio das Pedras e Tietê não indicam mais que uma variedade de técnicas, de terras, etc.

Os fumadores que se prezavam, antigamente, e talvez até hoje, davam a vida por um goiano legítimo ou um baiano.

Diziam guiano, como os bandeirantes diziam guaianos.

A esta vaga de populações em êxodo para o Sul de São Paulo corresponde, pelos meados do século e na guerra do Paraguai, uma outra de mineiros e paulistas dos limites, na Camanducaia, todos alcunhados de braganceiros.

O fumo de Bragança Paulista é, ainda, apreciado.

Tudo leva a crer que as técnicas do plantio e fabrico fossem os tradicionais do sul de Minas, por base Baependi.

Enfim, outra vaga será exagero, mas outros indivíduos mineiros abandonavam suas terras exaustas e vinham vindo para os sertões de Piracicaba.

Aí, em bairro que depois se fez o município de Rio das Pedras, surgiu a indústria do fumo hoje estimado.

Eram sertões, em parte, mas povoados de ituanos, entre outros, pois já se conhecia a técnica, digamos, paulista.

Pessoa de toda confiança julga, porém, que no início os fumeiros de Rio das Pedras eram pobres sitiantes que aproveitavam a feracidade das terras (de pedra de fogo e barro preto) para fumarem sem comprar.

Os colonos italianos, que vieram com a marcha do café, perceberam o lucro que teriam e entraram de rijo na lavoura de fumo.

Para prova, os italianos e seus filhos e netos são os atuais fumeiros em Rio das Pedras.

Então, são noções de tradição, sem os números exatos que exigiria um trabalho de economia, científico. 

Será curioso se um exame mais aprofundado dos fatos e estatísticas (se existirem, mesmo incompletas), comprovar a nossa hipótese de que o fumo acompanhou também a marcha do café, como uma tentação de ganhar dinheiro fácil e uma consequência: a fixação de elementos que, doutra sorte, seguiriam a viagem da rubiácea.

Neste pensamento está exposto não em hipótese mas em números eloquentes por Sérgio Milliet, quanto ao algodão, à laranja, à industrialização que foi ficando atrás do café, devassador dos sertões.
Seria também para notar que os colonos italianos eram consumidores, e famosos os seus cachimbos.
Isto foi principalmente próximo da Abolição, na zona de Piracicaba.
É desde aí que o pito de barro - com seu longo canudo - cede lugar ao de madeira estandardizado, sem a feição de arte individual do primeiro.
Começaremos, porém, a descrever rapidamente as técnicas observadas atualmente pelos sitiantes de São Miguel Arcanjo, e que representam, lá, um século e, no Brasil, talvez dois ou três, de tradições e "ne varietur".
Em agosto e setembro, após as queimadas e as primeiras chuvas, faz-se a sementeira em canteiros frescos.
Qualquer terra dá fumo; a melhor é a vermelha, contanto que as chuvas ajudem, pois é muito seca.
Dois meses depois de semeado, faz-se o transplante para as covas.
Preferem terra nova, recém-queimada e roçada; ainda não estão usando o arado, nem mesmo o enxadão para revolvê-la.
As covas de uma mesma fila ou carreira, feitas a enxada, distam quatro palmos uma da outra, e cada fila observa o intervalo de cinco palmos para com as vizinhas.
Para facilitar as limpas e a colheita. 
Dois meses depois do plantio em covas, o fumo atingiu a altura necessária e faz-se a capação, que lá se diz mais, "despontar" e imediatamente é preciso "desolhar".
Despontar é tirar as pontas onde viriam as flores, o que tira a força às folhas; naturalmente, reservando alguns pés para semente.
Desolhar é tirar os olhos ou brotinhos no vão das folhas, os quais os prejudicariam tanto como os "ladrões" a outros vegetais.
Tudo à mão, muito moles os talos.
Um mês depois, completou-se a formação da planta, que amarela ou amadurece.
Faz-se a colheita, mas então, o serviço é apurado, faz-se o pequeno muxirão com os vizinhos oficiais do mesmo ofício, ou pagam-se trabalhadores de jornal, mocinhas, meninos, o que não é lá muito encontradiço.
Num rancho coberto de sapé, faz-se o estaleiro ou prateleira, em volta das paredes e no meio a bolandeira, e espaço para trabalhadores em comum.
As folhas colhidas ficam penduradas nas taquaras, com uma ponta menor firme entre elas e as prateleiras também de bambus, ou melhor, entre duas taquaras, e prateleiras do chão ao teto, para secarem.
Antes de pendurá-las, é preciso "destalar", tirar os talos, à mão.
Toda a família e vizinhos trabalham até tarde da noite.
Esses talos vão imediatamente (ou iam) para o forno do tabaco.
O cambito é uma tábua chata com dois furos nas pontas para receberem dois pauzinhos, um destes com um gancho para prender as folhas.
Com a ajuda dele, formam-se as cordas de fumo, ligando as folhas entre si. Estas cordas, alcançando aí um metro de comprimento são cochadas entre si em três cordas e enroladas na bolandeira. Esta é um pau girando por dois braços exteriores, entre dois esteios. Nele se adapta o pau de fumo.
Os rolos de fumo ficam quarenta dias ao sol, sempre enrolando-os e desenrolando-os todos os dias o fumeiro.
Enrolar de modo que uma camada não coincida na mesma direção da anterior, mas quase em diagonal e com espaço maior para entrar o ar e, assim, curar o fumo e gradear, e isso se faz nesses dias até o enrolamento definitivo.
Cobre-se, então, o rolo com folha de bananeira, palha de milho amarrada em embiras e vai para a cangalha do burro ou o caminhão.
Atualmente, 500 arrobas por ano, outrora mais de 1.000, eis a produção de São Miguel Arcanjo.
Um alqueire de chão corresponde a 30 mil pés, de que um só homem pode cuidar, se tiver ajudantes para a colheita e o fabrico.
A plantação é o fumal; o fumo ponteiro, o melhor, vem das folhas de cima; o fumo baixeiro, o pior, das folhas de baixo, baixeiras.
Vejamos agora o processo em Rio das Pedras.
Quanto à sementeira, tudo igual. À transplantação, idem. Mas usam também fazer as carreiras de covas entre os pés de milho pardejando, donde se vê que a sementeira é feita, então, muito mais tarde, em novembro.
Capação, colheita, folhas ponteiras e baixeiras, idem. Distância menor entre as covas e maior entre as filas.
O fumeiro ao desolhar, vê as folhas se não tem bichos. Aliás, já as plantinhas nos canteiros são atacadas pelo pulgão. Nas folhas, a taturana e o mandarová.
Quanto ao fabrico, não há o cambito, cocham-se na perna, na mesa, as folhas, para constituírem as cordas ou tripas.
A bolandeira chama-se grade.
Estas duas diferenças podem provir de tradições paulistas anteriores às técnicas, comprovadamente mineiras de São Miguel Arcanjo.
Diferenças pequenas.
Da grade, saem "cavacos" que, socados em gomos de taquaruçu, e não torcidos, dão o bom fumo "piocuá".
Nos quarenta dias ao sol, o fumo está "melando".
Guarda-se em garrafas esse mel, que é remédio aprovado para uso externo de gente e de gado.
Mel "melado", o fumo azeda.
A gente do centro conhece ainda o fumo jorginho, o jorge grande, o gambá, o orelha de burro.
O goiano vem em caixas e não é torcido, justapõem-se as quatro cordas.
Será bom lembrar que das sequeiras se obtém fumo ruim.
Uma enciclopédia italiana, a LEXICON VALARDI, calcula em cerca de 50 as espécies de gênero NICOTIANA TABACCUM, família das solanáceas, sendo quase todas americanas.
Informou-nos sobre a técnica usada em São Miguel Arcanjo, o revmo. pároco HUMBERTO GHIZZI".


O CICLO DO CARVÃO E AS ZONAS CARVOEIRAS EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

Primeiro o fumo, depois o algodão e, enfim, o carvão, essas foram as riquezas que movimentaram a economia no município de São Miguel Arcanjo.
Dos três, todavia, o carvão, sem sombra de dúvida, foi o que mais se desenvolveu, uma porque não se precisava lavrar a terra, muito menos esperar pela produção.

A retirada da madeira era feita diretamente da mata.

Nessa época, o sertão foi quase ele todo devastado pelos donos das carvoarias, claro que dentro da legalidade, pois quem possuía carvoaria pagava impostos. 

Mário Augusto de Medeiros nos legou todo um apanhado sobre as zonas carvoeiras e seus proprietários - contribuintes.

Na década de 40, as zonas carvoeiras estavam assim divididas:

a) 1a. Zona - era composta pelos Bairros: Retiro, Tombo d`Água, Rio Acima, Fazenda do Moinho, Capela do Matão, São Roque, Fazenda do Pinhal e Estiva;

b) 2a. Zona - era composta pelos Bairros: Guararema, Lajeado, Campinho, Taquaral e Sítio do João Paulo;

c) 3a. Zona - era composta pelos Bairros: Pinhalzinho, Fazenda do Turvo, Capão Rico, Perobas, Facão, Serrado e Faxinal dos Almeidas;

d) 4a. Zona - era composta pelos Bairros: Rincão e Boa Vista.

Os contribuintes da 1a. Zona:

1. Do Bairro do Retiro: 

João de Almeida Monteiro, 

Virgílio Carlos Noronha, 

Juvenal de Souza, 

Jorge Alois Seabra, 

Antonio Gomes Fogaça, 

Reinaldo (não há sobrenome) 

e Isaltino A. Camargo.


2. Do Bairro do Tombo D`Água: 

Francisco Lopes, 

Antonio B. Albuquerque 

e José Gomes Munhoz.


3. Da Fazenda do Moínho: 

José Arantes Galvão, 

João B. Brisola, 

José de Paula, 

Belarmino Vieira Machado, 

José Vieira Machado, 

Licínio Pinto, 

Leonildo de Deus, 

Abílio Vieira, 

Benedito Garcia, 

Isaltino de Matos, 

Agenor Neto, 

João Rosa, 

Salvador Rosa, 

Rufino Neto, 

Brasílio Francisco, 

Pedro Neto, 

Quintino Bueno, 

Antonio Vieira Machado, 

Lauzírio de Almeida, 

Camilo Neto, 

Paulo Teobaldo, 

José Pereira, 

João José da Silva, 

Laurindo S. Almeida, 

Alfredo Isaias, 

Pedro Marques de Almeida, 

José Pereira da Silva, 

João Antonio da Cruz, 

Gregório Vieira Machado, 

Delfino Pereira da Silva, 

Miguel Pereira da Silva, 

Damiro Bueno, 

João Vieira Machado 

e Abílio Roque. 


4. Da Estiva: 

Manoel Tomaz Sobrinho.


5. Da Fazenda do Pinhal: 

Mario Hyrano, 

Benedito Queiroz, 

Tamírio Cirino, 

João A. Nunes, 

Camilo N. Ribeiro, 

Paulo Silveira, 

José Cesário 

e Agropecuária Paulista S/A.


Os contribuintes da 2a. Zona:

1. Do Bairro Lajeado:

Benedito Oliveira Antonio, 

Alcidino França, 
Waldemar Kruser
e Henrique Kruser


2. Do Bairro de Guararema:

José Teodoro,

Antonio Rosa

e Nestor Fogaça.


3. Do Campinho:

José Ferreira de Proença

4. Do Sítio João Paulo:

José Carriel Filho

e Narlir Miguel.


Os contribuintes da 3a. Zona:
1. Do Bairro Capão Rico:

Joaquim A. de Sales,

Pedro Ramos Oliveira,

Antonio Brandão
e Gregório dos Passos


2. Do Serrado:
Antonio Pereira


3. Da Fazenda do Turvo:
Sociedade Sericícola São Miguel


4. Do Pinhalzinho:
Domingos dos Santos Terra
Benedito Terra
e Joaquim Alves


Os contribuintes da 4a. Zona:
1. Do Bairro do Rincão: 
Antonio Vieira Demétrio


2. Do Perobas:
Arthur Galvão Noronha
e Pedro Pereira Filho


3. Do Bairro Boa Vista:
Justin Araujo


O TRIGO DE SÃO M
IGUEL ARCANJO NO "ESTADÃO":


1. SÃO MIGUEL ARCANJO E A COLHEITA DO TRIGO.
"Segundo informações colhidas em fontes autorizadas, a colheita do trigo neste município rendeu cerca de 600.000 quilos, que já foram remetidos aos moinhos da Capital.
Dado o clima propício da região e à excelência das terras deste município, está sendo verificado pelos agrônomos regionais que o rendimento da produção do trigo aqui é superior ao da Argentina, igualando-se mesmo ao da Ucrânia.
Em 1.930, duas fazendas obtiveram prêmios de 2 mil cruzeiros cada uma por haverem colhido naquele ano mais de 200 alqueires de trigo de boa qualidade, prêmios estes que constam de documentos originais remetidos à Exposição do Trigo de Água Branca, do tempo em que foi Secretário da Agricultura o senhor Fernando Costa.
Pequenos agricultores, no próximo ano, planejam aumentar sensivelmente a produção do município".
(Edição do dia 09 de dezembro de 1.948)


2. FESTA DO TRIGO 
NA FAZENDA ATLÂNTIDA EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

"Conforme foi noticiado, realizou-se no dia 07 do corrente a "Festa da Colheita do Trigo" na Fazenda Atlântida, em São Miguel Arcanjo.
A cultura do trigo nessa fazenda vem sendo feita há cinco anos e este ano a área plantada com esse cereal atingiu 270 alqueires, ou sejam, 580 hectares.
A topografia dessa fazenda é favorável à triticultura e à agricultura em geral, apresentando-se com boa parte de terras planas e suavemente onduladas.
Excetuando-se algumas glebas, nas quais se verifica ataque mais intenso pela lagarta "rosada", os trigais da Fazenda Atlântida tiveram bom desenvolvimento vegetativo.
Existe nessa fazenda um trigal de 5 alqueires aproximadamente, cuja produção pode ser avaliada em cerca de 22.000 quilos, ou seja, 4.000 quilos por alqueire, mais ou menos.
A produção de toda a área cultivada deverá atingir de 700 a 800 toneladas de sementes de trigo.
Dando início ao Programa da Festa da Colheita do Trigo, foi feita uma demonstração do maquinário moderníssimo que se emprega atualmente na cultura desse cereal.
Assim é que os presentes tiveram ensejo de observar o trabalho das máquinas que auxiliam os homens desde o preparo do solo, adubação, semeação, até a colheita, proteção das espigas, separação da palha e grão e ensacamento.
Em seguida, foi inaugurado o primeiro moinho regional de trigo, recentemente adquirido pela Secretaria da Agricultura. Sua capacidade de produção é de 500 quilos de farinha por hora, produzindo farinha idêntica à obtida nos melhores moinhos das grandes indústrias estrangeiras existentes entre nós, com a grande vantagem de ser muito mais econômico e poder ser instalado em qualquer local sem exigir instalações próprias".
( Edição do "Estadão" do dia 09 de setembro de 1.950)


3. O GOVERNADOR DO ESTADO EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

"O Governador do Estado segue domingo pela manhã para São Miguel Arcanjo a fim de presidir ao lançamento oficial da Campanha do Trigo.

Estarão presentes no ato o Ministro da Agricultura, o Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, parlamentares e representantes da lavoura de São Paulo.

Em companhia do Governador, irá também àquela cidade o Gal. Stenio de Albuquerque, Comandante da 2a. região Militar.

Haverá ainda em São Miguel Arcanjo, na mesma oportunidade, uma concentração de prefeitos e lavradores da região da Baixa Sorocabana.

( Edição do "Estadão" do dia 03 de agosto de 1.956)

BANCO DO POVO PAULISTA

















Foi inaugurado no mês de setembro de 2002.
Segundo o prefeito à época, José Antonio Terra França, iria beneficiar grandemente as micro empresas do município.
Opera ainda hoje na Rua Comendador Dante Carraro, 8l5. 

VELHA SABESP

























Publicado no extinto jornal Folha de São Miguel Arcanjo, dia 11/06/1983.

A REVOLUÇÃO DE 1932 E A TRINCHEIRA DO GIJO VÁLIO

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O sãomiguelense Ary Leme Pinheiro deixou impresso no jornal "A Hora de São Miguel Arcanjo", edição do dia 19 de maio de 2001, um longo e belíssimo texto intitulado "A Trincheira do Gijo Válio".
Nele, além de rememorar os amigos de outrora, fala de um lugar que, supostamente, transformou-se em uma trincheira para agasalhar soldados que lutaram na célebre Revolução de 1932, a dos paulistas, que teve início a 09 de julho e durou menos de três meses.
A trincheira do Gijo, na afirmação do Ary, era o nome que a molecada da época dera """"à monumental vala rasgada pela erosão acima da primeira nascente depois da saída do lado sul da cidade, pela estrada do Turvinho, rumo ao picadão do Tenente Urias.""""
Ary evoca o saudoso Tico Medeiros:
"""" Que havia sido uma trincheira não havia dúvida. O velho e bom servente e congregado mariano, Tico Medeiros, comentava com a criançada da escola "Peixoto Gomide" sobre aquele episódio de 1932, quando a soldadesca paulista da Revolução Constitucionalista, já quase em debandada, cavocou o buraco pretendendo surpreender a horda legalista - à época chamada "gauchada" - que avançava rapidamente e já vinha perto pela linha de Buri. Dali do topo daquele outeirete era possível observar o movimento de quem chegasse à vila por todos os quadrantes. Por isso a escolha do local. 
Os que abriram aquela vala de mais ou menos umas cinquenta braças faziam parte de uma coluna avançada do batalhão paulista postado nas trincheiras do Rio das Almas, onde, asseguram os mais velhos, houve confronto em dois dias de tiroteio com sérias baixas de ambos os lados.
Na trincheira do Gijo não houve tiroteio.
E, além do mais, jurava o velho Tico, ali fora palco de um grande milagre que incluiu a aparição de São Miguel Arcanjo.
Verdade?
Mentira?
Invencionice?
O certo é que ainda existe muita gente que confirma convicta essa passagem, quando o arcanjo desceu num halo de luz para defender a velha capela construída ao tempo da Fazenda Velha...""""
E, mais adiante, a estória que o Tico contava: 
""""... Contava o velho servente da escola que, quando os "gaúchos" atingiram o local onde o grupo de soldados paulistas esteve entrincheirado por alguns dias, e não encontraram ninguém, o comandante da tropa inimiga teria ficado possesso e deu ordem para que direcionassem a boca do canhão sobre a capela, lá embaixo, onde a imagem de São Miguel Arcanjo ocupava o topo do altar, ara onde ardia perenemente a vela-símbolo da consubstanciação do sangue e do corpo de Cristo na hóstia consagrada, no mistério do Sacrário, à espera dos fiéis para o santo sacrifício do cordeiro rememorado na missa.
Depois de municiada aquela peça de artilharia pesada, teria o comandante mandado abrir fogo.
Foi nesse instante que se fez um clarão de ofuscar o sol e no rastro da luz de brilho indescritível desce das nuvens um soldado de armaduras prateadas ornadas de ouro e cravejada de brilhantes e outras pedras preciosas, que, de espada em punho, posta-se diante da boca do obus enquanto a soldadesca estupefata cai por terra.
O comandante, duro de espanto e de temor, não teria conseguido balbuciar a ordem de tiro e, mal se recompôs, ordenou a retirada da tropa.
A ermida continuou intacta.
A cidade continuou intacta.
Só não continuou intacto o patrimônio do Leôncio de Góes, o pai do Ivan, da Glorinha, do João e do diácono Zé Antonio. De pura maldade, os soldados requisitaram o único caminhãozinho que ele tinha, um Chevrolet motor "cabeça de cavalo", que nunca mais foi devolvido...""""    

O mapa acima foi reproduzido pela antiga revista O Mundo Ilustrado, do Rio de Janeiro, em edição especial comemorativa dos 22 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, publicada em 7 de julho de 1954.
Fonte: Novo Milênio.