domingo, 26 de julho de 2015

A LAGOA DO GUAPÉ NA GESTÃO ANTERIOR


FRANCISCO BUENO E DARCY PEREIRA: GENTE DO RINCÃO


BIBLIOTECA "LER É PRECISO" FAZ TREZE ANOS EM DEZEMBRO/2015


PARA NÃO ESQUECER O QUE PENSA UM ATEU



Recorte do extinto jornal A Hora - 23/03/2002.

O DIREITO DE INDIGNAR-SE


































Em abril/2006/jornal "Postal".

SÃO MIGUEL ARCANJO/1993: OS 104 ANOS DE VIDA INDEPENDENTE:


Reportagem feita pelo jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, em 01/04/1993.




COLÔNIA PINHAL: 53 ANOS EM SÃO MIGUEL ARCANJO. VEJA COMO FOI A FESTA DOS 40 ANOS:.






Recorte do extinto jornal "A Hora de São Miguel Arcanjo", edição de 20/07/2002.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

DO AMIGO MIGUEL ARCANJO TERRA PARA RENATO CAUCHIOLI


Meu super-herói Miguel.
Hoje, dia 29 de Setembro, bem no seu dia, Renato Cauchiolli voou para o mundo que fica além de qualquer ilusão.
Renato do Trombone.
Claro que você se lembra dele, meu super-herói Miguel. Todo dia 29 de setembro ele chegava até seu altar, como um dos mais fiéis devotos.
Renato Cauchiolli. Meu mestre.
Ele, meu mestre, você meu super-herói, realmente eu fui um menino de muita sorte.
Você, meu super-herói Miguel, era a luz que embalava meus sonhos assim que cheguei menino em São Paulo. Renato era o som. Nós dois viemos aí debaixo do seu altar. Ele chegou na frente e me ensinou os caminhos de São Paulo com muita paciência e ternura. 
Peço desculpas se me desviei um pouco do rumo certo. Mas, sou muito grato pela fé que me passou, a fé em você, meu super-herói Miguel, a quem ele sempre agradecia por ser considerado um dos melhores músicos do Brasil, com um toque firme e suave, que se destacava nas apresentações de grandes orquestras da Rádio Nacional ou Rádio Tupi ou com Osmar Milani e Enrico Simonetti na TV. 
Também participou das orquestras de Pocho e Erlon Chaves. Gravou o LP "Trombone Carinhoso". 
Atuou na Orquestra Sinfônica de São Paulo, na Big Band de Nelson Aires, na TV Globo, TVS, na Orquestra do Sargentelli, que realizou longa excursão à Europa, acompanhou Roberto Carlos, no show "Emoções". Enfim, um talento musical exercido e reconhecido.
Renato do Trombone voou de nós neste 29 de setembro.
E eu tenho certeza, meu super-herói Miguel, que você emprestou suas asas para ele voar.


(Faleceu em 29 de setembro de 2.009, aos 88 anos, Renato Cauchiolli, um dos mais consagrados músicos do Brasil. 
Nascido em São Miguel Arcanjo, teve as primeiras lições de bombardino e teoria com Joaquim Ortiz de Camargo, o Joaquim Maestro, que sempre foi lembrado em suas entrevistas. O sepultamento: dia 30 de setembro, no Cemitério do Araçá).

Miguel Arcanjo Terra, o amigo jornalista e blogueiro, deixou esta homenagem escrita em seu blog no ano de 2009.
Em 2015, São Miguel Arcanjo ficou sem os dois.

O PICOLÉ DO SALOMÃO

FALTA NESTA COPA O PICOLÉ DO SALOMÃO



Seu nome era ponto de referência em São Miguel Arcanjo: o bar do Salomão.
Ele trouxe para a cidade a primeira máquina de fazer sorvete e picolé.
O barulho do motor, os giros da espátula a misturar massas moles e coloridas, o bamboleio da pesada estrutura do equipamento, não havia menino que não se deslumbrasse.
Pesado de corpo e leve de alma, Salomão acrescentava ao sabor dos sorvetes e picolés o encanto de uma boa prosa.
Ele sempre dizia que três são as perdições do Homem: língua nervosa, estômago preguiçoso e a mulher do próximo.
Sua grande paixão: o futebol do zagueiro Domingos da Guia, pai de Ademir da Guia.
Falava que foi o primeiro zagueiro a colocar a bola rente ao chão.
Ele contava uma velha história do Rei Salomão --- e brincava de dizer que era seu primo.
Numa tarde de muito calor, homens e mulheres foram enviados ao campo para apanhar melancias para o Rei Salomão. Mas, a o calor era tanto --- e a sede também --- que todos se esqueceram do Rei. Enfiaram suas cabeças casca a dentro e se lambuzaram na sua gula.
Então, o Rei Salomão condenou todos à mediocridade eterna. Viraram cabeças de melancia. 
Três milênios depois, elas continuam entre nós, ocas, apenas fazem eco. 
Algumas delas comandam a seleção brasileira.
Miguel Arcanjo Terra, são-miguelense, saudoso blogueiro.
 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

"TICO MEDEIROS"


QUEM FOI TICO MEDEIROS?

Corria o ano de 1.908.
Ainda não havia sido criado o Biotônico Fontoura.
Bem num dia 02 de novembro, quando todos relembravam com tristeza os seus mortos, é que Domingos Nogueira de Medeiros decidiu chegar a este mundo.  
Com seu choro forte, alegrou todo aquele ambiente ruim, fazendo sorrir a Francisca Augusta Nogueira Galvão e José Vitorino de Medeiros, casal de gente muito pacífica que transmitiu ao filho querido a mesma calma, a terna paciência, a seriedade e a educação que sempre foram os maiores predicados da família. Aliás, predicados esses derivados da genética da família, pois a mãe era bisneta do Tenente Urias Emigdio Nogueira de Barros, lá de Baependi, Minas Gerais.
Pequeno e franzino, o menino foi apelidado carinhosamente de "Tico". 
Mas nunca foi uma criança doente, graças a Deus.

QUE TROCOU O CARGO POR UM CAVALO

Com a idade de 20 anos, "Tico" começou a trabalhar como servente na “Escolas Reunidas”, situada na Rua Siqueira Campos, em frente ao casarão do Nhô Bento França e ao lado do campo de futebol que hoje abriga o imóvel onde havia o antigo barracão da Prefeitura.
Lá permaneceu por alguns anos, mas acabou desistindo do cargo em troca de um cavalo.
Quem era o dono do cavalo?
O dono do cavalo chamava-se Luiz Cezar de Noronha, que também esteve até o fim da vida trabalhando como funcionário escolar.

QUE GOSTAVA DE LEITURA

Nosso biografado lia muito e possuía diversos livros. No ano de 1.931, no jornal “O Progresso”, lá se via notícia da doação de alguns dos seus livros para a Biblioteca Infantil da cidade. Eram: “Ciências Físicas e Naturais”, de V. Martel; “Meu Samburá”, de Cornélio Pires e “Céus, Terra e Mar”, de Alberto de Oliveira.

A REVOLUÇÃO DE 32

Durante a Revolução Constitucionalista de 1.932, Domingos foi defender São Paulo contra os gaúchos de Getúlio Vargas. 
Nas trincheiras próximas ao Rio das Almas, acabou sendo ferido à bala. 
Graças a Deus que o estilhaço lhe entrou e saiu pelo braço, sem maiores consequências. Bastaram alguns dias de curativo e paciência.
Foi aí que lhe veio a maior inspiração da sua vida. E que até já tentaram lhe roubar o mérito. 
Era sobre o anjo São Miguel que fez com que a guerra terminasse do jeito que terminou, sem nenhum derramamento de sangue em São Miguel Arcanjo; leia abaixo, o "causo" que ele inventou.
Tão logo terminada a Guerra, casou-se com Maria Augusta Sotho e foram residir no Bairro do Alegre, hoje pertencente a Pilar do Sul. Porém a vida no mato não era para ele.

A VOLTA PARA A CIDADE

Não podendo ficar sem trabalhar, foi falar com o deputado Gualberto Moreira que lhe ofereceu, de novo, o serviço de Servente, só que desta vez em uma escola de Sorocaba. 
Sete anos depois, fez troca com João Gatto e voltou para São Miguel, trabalhando na Escola Estadual “José Gomide de Castro”, ao lado dos colegas Luiz Cezar de Noronha e Elza Loureiro de Camargo que era nora do Major Luiz Válio.
Na Escola, atuava como verdadeiro quebra galho, pois entendia de tudo, desde varrer o pátio, consertar uma bola, apontar lápis, reparar velhos encanamentos e refazer instalações elétricas.
Deixou seu nome ligado sensivelmente a duas coisas que as gerações que o conheceram jamais esquecerão: a maneira como tocava o sino da escola e a forma como apontava lápis quando solicitavam sua ajuda. O sino, tocado com seu coração, avisava aos estudantes sobre a hora de arrumar a fila para entrar na classe ou sair para o recreio, de silenciar ou de dispersar, de dizer adeus e ir para casa. Apontar lápis? Era com tamanha maestria que ele fazia, como se tivera nascido para entalhar madeira!

Domingos Nogueira de Medeiros foi Presidente da Congregação Mariana por duas vezes. 
Durante cinco anos, participou da Diretoria da Corporação Musical São-miguelense.
Foi ele quem fez pela primeira vez a festa de Santo Antonio em São Miguel Arcanjo realizada no terreiro do mercado velho, no imóvel onde se estabeleceu a primeira Creche da cidade; foi substituído por Braz Alves Munhoz que continuou por algum tempo fazendo a festa.
Dos filhos, o único que aqui permaneceu foi Eney, o popular Ney da "Banca Central", casado com Maria (artesã e artista plástica), que são os pais da Regina e do Renato.

Os outros: Elizabete, Edgar, Antonio, Maria Aparecida, Renê Augusta e Sônia Maria são cidadãos sorocabanos e itapetininganos. 
A filha Norma Tereza faleceu ainda criança.

Quando “Seu Tico” deixou esta vida, aos 17 de novembro de 1.971, a Banda Lira da cidade acompanhou seu féretro.

Quando a Lei Municipal número 948, de 22 de abril de 1.980, isentou de IPTU a todos os ex - combatentes da Revolução Constitucionalista de 1.932 que fossem possuidores de imóvel construído localizado na zona urbana do município utilizado para sua própria residência, ele já não estava mais necessitando desse benefício.
Ao contrário de Roque Mariano Ribeiro, que possui um logradouro com seu nome, no Jardim Nova Bela Vista, Domingos Nogueira de Medeiros até hoje ainda não foi homenageado em São Miguel Arcanjo.

O “CAUSO” QUE O TICO INVENTOU

O “causo” que o Tico Medeiros inventou foi endossado completamente pelo João Cornélio, um ativo participante e defensor dos paulistas na Revolução Constitucionalista de 9 de julho de 1.932.
João Cornélio fora encarregado da Limpeza Pública ao tempo do prefeito Nestor Fogaça e teve José Orlando Nunes como um dos seus auxiliares mais competentes.
Roque Mariano Ribeiro fez publicar a história no extinto jornal “Folha de São Miguel Arcanjo”. 
Era assim a história: 
------ “Nos últimos dias da referida revolução, os gaúchos, vitoriosos, já viajando de volta para a capital paulista depois da tomada do Rio das Almas, no município de Capão Bonito, aproximaram-se de São Miguel Arcanjo.
Foi então que um milagre aconteceu.
Sem tempo para uma total evacuação da cidade, populares ficaram à mercê dos vencedores que tinham, como todo inimigo, a fama de péssimas personalidades.
A Companhia gaúcha, ao atingir a colina onde se situavam as fazendas do Major Luiz Válio fez menção de acionar os canhões sobre a cidade, não respeitando o fim da guerra.
Então, surgiu um soldado de trajes e guarnições douradas e de porte magnífico que, pondo-se a sua frente, apenas com um gesto da espada, acabou impedindo suas demoníacas intenções.
A arma do estranho soldado faiscava ameaçadora, estarrecendo os soldados que, paralisados pela visão magnífica, não puderam mover um só dedo contra o lugarejo.
Nesse momento, ameaçou chuva.
Ventos terríveis tornavam impossível divisar as saídas da Vila.
Os gaúchos, cuidadosamente, foram seguindo em direção ao centro em busca de um lugar para se protegerem.
Na falta de outro alojamento, procuraram pela frágil capelinha do lugar.
Uma vez sentados ao chão, constataram, estupefatos, que o soldado que os afrontara de espada em punho estava ali à frente deles, com a espada em riste.
Era o mesmo protetor da Vila, o Arcanjo São Miguel."

Também no jornal, o amigo Roque Mariano Ribeiro deixou uma última e sentida homenagem a Tico Medeiros na edição de 27 de novembro de 1.971:


“Vida... Morte!
Deus sabe o que faz, mas a saudade não sabe.
Tico Medeiros, nosso velho amigo Domingos dos Santos Medeiros passou por nós.
Veio, conviveu, fez amizade, sorriu, sofreu... E passou.
No dia 17 ele passou desta vida para a eternidade.
Não morreu.
Sua memória ficará conosco, será saudade nesta geração.
Quem não foi aluno sob seus cuidados no Grupo Escolar “José Gomide de Castro”?
Quem não se lembra das vezes que ele apontou os nossos lápis, porque éramos pequenos demais para o fazer?
Quem não o teve por guarda nos folguedos infantis do recreio?
Quem não recebeu de sua mão uma classe limpa?
Tico Medeiros viveu conosco todos os dias de nossa escola. E, quando adultos voltamos ao velho Grupo para lecionar onde outrora fomos alunos, lá estava ele, solícito e aguardando pacientemente sua aposentadoria.
Deus o aposentou com uma pensão vitalícia espiritual lá no Céu... Levou-o varrer classes aos anjinhos que ainda vão à escola de Santidade sob o olhar bondoso do Mestre dos Mestres.
Choramos. Rezamos.
Não há confortar a tristeza que dá a falta de um grande amigo. Este jornal perdeu o entusiasta colaborador da coluna “São Miguel Arcanjo, Uma Realidade, Uma esperança”. Os mentores perderam um grande amigo. Por isso fazemos esta homenagem singela.
Queremos gravar nestas páginas modestas aquele que desde muito antes da ideia deste jornal já colaborava com ele. Quando o velho Tico, o Nhô Tico dos mais velhos, assistia-nos na escola, ele já estava colaborando com este jornal que viríamos escrever.
Portanto, lá donde está, velho amigo, sinta que nós o estimamos.
Um dia teremos de estar lá e diremos:
- “Velho Tico, mas como você deixou saudade!”.