sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O CASAMENTO DO PADRE VICENTE GAUDINIERI, EM 1903, FOI NOTICIADO PELA IMPRENSA DO PARANÁ



PADRE VICENTE GAUDINIERI, UM MAÇOM?

 

De acordo com a lei número 3461, de 31 de outubro de 2013, as laterais da Igreja Matriz, em São Miguel Arcanjo, passaram a chamar-se Praça Vicente Gaudinieri, primeiro pároco da cidade.
Na Vila Clarice, em São Paulo, também existe uma rua que leva o nome do padre Vicente Gaudinieri.
Foi ele o primeiro vigário de Pilar do Sul que também atuou como Intendente junto com Antonio Euzébio de Moraes Cunha, Antonio Vieira de Proença e Delfino Ferreira de Medeiros, em janeiro de 1892 e a partir de 29 de julho do mesmo ano, agora ao lado de Francisco Antunes de Proença, José Rodrigues da Rosa, João Vieira da Silva Góis, Euzébio de Moraes Cunha e Elias Valio.
Em virtude de suas obras locais, o município de Pilar do Sul homenageou o padre dando o seu nome a uma rua central da cidade. 
Mas de acordo com pesquisas, o Padre Vicente Gaudinieri era Maçom.
Foi iniciado na Loja Modéstia nº 0214, em Morretes, no Paraná, depois foi transferido para Palmeira, também no Paraná, onde, por coincidência, em 1º/02/1.898 foi fundada a Loja Conceição Palmeirense, a qual mais tarde, mudou o nome para Loja Moria. 
O padre participou como fundador da Loja Luz Invisível, conforme registro no Livro de Obreiros nº 1, à página nº 23, de acordo com o site do Museu Maçônico Paranaense; porém, não fez parte de nenhuma diretoria da Loja.
Veja a seguir a Ata de Fundação da Loja.


"A Gl.´. do Gr.´. Arch.´. do Univ.´.
Aos dezenove dias do mez de Julho de mil novecentos (E.´. V.´. ) pelas séte horas da noite no Templ.´. da Ben.´. Loj.´. Fraternidade Paranaense, ao Or.´. de Curityba, onde se acharão reunidos os IIr.´. assignados no livro de presença, foi aberta a sessão pelo Pod.´. e Ben.´. Ir.´. José Carvalho de Oliveira, 33.´. que com approvação unanime acclamou para a occupação provisoriamente o cargo de Ven.´. o Il.´. Ir.´. Doutor Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo, 3.´.. Assumindo o malhete o Ven.´. acclamado, agradeceu a honra com que foi distinguido e expor minuciosamente a necessidade que havia da fundação de uma nova Loj.´. Maç.´. nésta Capital, declarando que o fim daquella reunião era a fundação dessa nova Loja cujo nome devia ser acolhido por deliberação dos IIr.´. presentes, tendo sido lembrado pelo Ir.´. Dario Vellozo, o nome "Luz Invisível" que elle Ven.´. considerou excellente por definir perfeitamente os intuitos da Loj.´. que se tratava de fundar. Tomou a palavra o Il.´. Ir.´. Dario Vellozo que em eleoquente discurso falou sobre a necessidade da fundação da nova Loj.´. cujo nome devia ser "Luz Invisivel" e saudou o Il.´. Ir.´. Padre Vicente Gaudinieri, que se achava presente como um dos fundadores da nossa Loj.´., bem como congratulou-se com todos IIr.´. presentes pela nova era que se iniciava, como o auxilio profícuo da Ben.´. Loj.´. Fraternidade Paranaense. Em seguida foi unanimemente approvada a fundação da nova Loj.´. e bem assim que ella tomasse o nome de "Luz Invisível". Em consequencia disso, por aclamação do Ven.´. unanimente approvada foram assim preenchidos os cargos da LL.´. e DDig.´. : Primeiro Vig.´. Pedro Pacheco Netto 3.´.; segundo Vig.´. Dario Persiano de Castro Vellozo 17.´.; Or.´. Doutor Affonso Alves de Camargo, 3.´.; Secr.´. Luciano José de Gracia, 3.´.; Thes.´. Jesuino da Silva Pereira Ribas, 18.´.; Hosp.´. José Ribeiro de Macedo, 3.´.; Chanc.´. Doutor Sebastião Paraná, 3.´.; Primeiro Exp.´. Julio Pernetta 3.´.; Primeiro Diac.´. Antonio Alves Franco, 18.´.; Segundo Diac.´. Philinto Braga, 3.´.; Cobr.´. Antonio Alves de Menezes Raposo,18.´.; Mestre de Cer.´. João B. Rodrigues Machado, 30.´.. Empossadas as LL.´. e DDig.´., foi resolvido que todos os II.´. presentes se munissem dos seus documentos Maç.´. como exige a Constituição, devendo com elles comparecer em uma proxima reuniãoque será previamente marcada. Novamente falou o Il.´. Ir.´. Dario Vellozo declarando que tinha obtido da "Fraternidade Paranaense" que a "Luz Invisivel" ficasse funccionando no mesmo Templo pagando de aluguel á quirella metade dos seus rendimentos brutos. Sendo isto unanimemente approvado. Por fim o Ven.´. agradeceu o comparecimento de todos os IIr.´. presentes, pedindo-lhes que munidos dos seus documentos comparecessem á proxima reunião, para a qual seriam convidados pela imprensa e declarou encerrada a presente sessão, ás nove horas da noite, visto nada mais haver a tratar, eu Luciano José de Gracia, Secr.´. lavrei esta acta.
O Ven.´.
(a) Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo 3.´.
1º vig.´.
(a) Pedro Pacheco da Silva Netto 17.´.
2º Vig.´.
(a) Dario Persiano de Castro Vellozo 17.´.
O Orador
(a) Affonso Alves de Camargo

OBS: Transcrito da Coleção “A Maçonaria no Paraná” – vol 1 pág. 308 e 309.
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O periódico "Jerusalem" Ano 3, de nº 45, de 30/11/1900, pág. 1, faz referência ao "PADRE VICENTE GAUDINIERE", assim:

"Resplandece hoje em as columnas do Jerusalem, aureolado de muito carinho e de muito amor, o busto do magnanimo Padre Vicente Gaudiniere.
Personificação humilde da bondade, o virtuoso sacerdote como vigario, em as cidades de Morretes e depois na da Palmeira, impoz-se pela grandeza do seo coração, palladium aberto a cuja sombra os desgraçados e os infelizes sempre encontraram abrigo o mais sincero e o mais franco.
Fidalgo no trato, humilde entre os humildes, rebellado quando ferido na sua dignidade e na sua consciencia, sanctuario da liberdade, o virtuoso Padre Vicente adquirio amigos que o amam e despeitados que o detestam, que babujam sobre a sua respeitavel individualidade as mais torpes villanias, como se elle, meos senhores, não aspirasse muito alto, muito acima da lama, onde suinam as torpezas e as sordices da alma astrabica e visgosa dos seos quixotescos inimigos.
Sacerdote de Christo, puro e immaculado, um dia, quando os phariseos, em tropel desesperado, bateram á porta do Templo, a sua palavra ungida de piedade christam, os enchotou, e, elles miseraveis e vencidos ante tanta dignidade, fugiram, e de longe, occultos nas trevas, tramaram contra o virtuoso vigario da Palmeira a conspiração surda e indigna da calumnia, da trahição e da perfidia.
A Justiça, dorme, desfraldadou a bandeira branca da victoria, o Padre Vicente triumphara, e o Paraná levou-lhe a palma verde da solidariedade.
A Altiva Parochia da Palmeira proclamou a sua independencia da Diocese e o Sr. D. José de Camargo Barros vencido, recolheu-se á sachristia da sua vingança, mastigando a colera do odio, despejando sobre o magnifico sacerdote rebellado pragas e excumunhões, ridicula pantomima da piedosa egreja romana, hoje recebidas pelo livre espirito d'este fim de seculo de liberdade por entre gargalhadas.
Apoiado pelo povo da Palmeira, o Padre Gaudiniere, alli manteve-se respeitado e querido, até o dia em que circunstancias particulares o fizeram retirar-se para a Estação Rebouças, onde hoje vive, divorciado do convencional, pela liberdade de consciencia, trabalhando no comercio, amparando a pobreza, distribuindo a caridade, dilatando a verdadeira Religião de Jesus Christo, tão deturpada pelos padres Nazaldinnis, vivendo para outrem, humilde entre os humildes, feliz na sua velhice virtuosa e abençoada, expansivo e meigo, perdoando os seus inimigos, pedindo a Deos nas suas orações tão fervorosas e tão puras que os guie por melhor caminho, que os conduza a caminho de salvação.
Que se reflita no espelho de chrystal purissimo da sua grande alma o clero romano, transfuga da liberdade, aposta do amor, inimigo da Religião santificada no alto illuminado do Calvario pelo sangue do mais humilde e do maior de todos os homens, o doloroso Rabbi da Galliléa.
Mas, o virtuoso Padre Vicente Gaudiniere longe de abandonar o seo sagrado ministerio, abraçou-o com mais fervor ainda, attendendo a todos os chamados, que diariamente lhe são feitos dos diversos pontos do Estado, para onde elle corre pressuroso levar a extrema uncção a um agonisante, na sua palavra unginda de piedade e de muito amor, o batismo ás creanças, o enlace matrimonial aos que se amam, sem exigir delles ridiculas confissões auricular, erguer a hostia no sacrificio da missa, orar pelos que têm fome e sede de Justiça. Ah! que alma perfeitissima, a d'este sacerdote, que não conhece o rancor, que tem sempre, como Christo o teve, a sorrir, a cantar nos seos olhos o lyrio branco do perdão:
"Perdoa-lhes, Pae, elles não sabem o que fazem."
( Jerusalem - Ano 3, nº 45, de 30/11/1900. ) www.museumaconicoparanaense.com