quinta-feira, 28 de maio de 2015

APARÍCIO DE OLIVEIRA TERRA

Aparício de Oliveira Terra nasceu no dia 04 de março de 1912 e faleceu a 7 de agosto de 1990.
Conhecido como uma das pessoas mais cultas em sua época, Aparício colecionava documentos e fotografias históricos e era muito religioso, pertencendo à Irmandade do Santíssimo.
Foi gerente da Caixa Econômica local, foi candidato a prefeito fazendo dobradinha com Cassiano Vieira.
Foi participante ativo em diversas obras de caridade.  
Casou-se com Albertina Vieira Terra, nascida em 10 de junho de 1.912 e morta em 1.987.
Albertina Vieira Terra era filha de José Boaventura Vieira e Maria Eliziária Vieira.
Albertina foi batizada no dia 7 de setembro de 1.912 na capella do Gramadinho, em Itapetininga.
Foram seus padrinhos os avós paternos Vicente Antonio Vieira e Florisbella Dyonizia Vieira.

Batistmo de Albertina
O casal teve duas filhas: 
Carmelita Terra Dias e 
Terezinha.
Ambos estão sepultados no Cemitério Municipal de São Miguel Arcanjo.

Aparício e Albertina

Albertina, as filhas e Aparício

Fotos: de Leonildo Boaventura Vieira, irmão de Albertina.
Transcrito do blog Raízes e Folhas

FAMÍLIA ORTIZ DE CAMARGO CHEGA A SÃO MIGUEL ARCANJO

O ANO DE 1.934 TROUXE PARA SÃO MIGUEL ARCANJO A FAMÍLIA ORTIZ DE CAMARGO. 
VEJA O QUE COLHEMOS DO JORNAL "TAPICHI", EDIÇÃO 1.976: A HISTÓRIA CONTADA POR JOÃO ORTIZ DE CAMARGO:

"Bem, o JOAQUIM MAESTRO, meu pai, chegou em São Miguel Arcanjo em 1.934. 
A gente morava em Itapetininga e, nos últimos dias de dezembro de 1.933, apareceu em casa um senhor de estatura pequena, físico franzino, mas muito vivo no jeito de falar. Ele gesticulava sempre e se erguia nos calcanhares, como se quisesse ficar mais alto.
O nome dele?
BENTO FRANÇA, que neste momento, enquanto eu falo com vocês, está com seus 86 amos, forte como cerne de caviúna.
O BENTO FRANÇA foi falar com meu pai. Queria que ele organizasse uma nova banda de música em São Miguel Arcanjo. Meu pai concordou. 
No dia dois ou três de janeiro, não me lembro bem agora, do ano de 1.934, JOAQUIM ORTIZ DE CAMARGO, o JOAQUIM MAESTRO, chegava à cidade que ele adotaria para sempre. 
Nós, os seus filhos mais velhos, também nunca mais saímos daqui.
Meu pai, o JOAQUIM MAESTRO, foi morar num casarão antigo, ao lado direito da antiga Igreja Matriz. 
Ao lado, também ficava o Mercado Municipal e, numa das das suas salas, meu pai começou a ensinar música aos rapazes de São Miguel Arcanjo.
Logo apareceram muitos alunos. 
Os rapazes aqui da cidade estavam entusiasmados com a oportunidade de aprender música.
Entre os primeiros alunos, me lembro do RENATO CAUCHIOLI (que toca nas maiores orquestras do Brasil), do Antonio Haddad, do Adib Miguel, do Rachid Elias, do Paulino Rodrigues. 
O Paulino tinha uma capacidade incrível de execução e, por isso mesmo, mereceu o instrumento mais difícil da banda, a REQUINTA. 
Com seis meses de aula, o Paulino lia e dividia com um desembaraço surpreendente. 
Pena que ele tenha abandonado a música muito cedo.
Os dias foram passando e com a colaboração de alguns músicos antigos, de outras bandas anteriores, logo a turma de Joaquim Maestro já pôde se apresentar. 
Me lembro de que o primeiro dobrado que meu pai compôs e que nós tocamos vinha com o nome de "BENTO FRANÇA". Uma homenagem a quem fazia renascer a banda.
Com o entusiasmo dos alunos, que estudavam com interesse as lições do meu pai, a banda foi melhorando cada vez mais. 
Chegou a um ponto em que já se podia ensaiar algumas óperas. Foi um grande sucesso quando a banda pôde executar no coreto da praça as óperas "Nabucodonozor" e "Sonho Dorati".
Até essa época, o entusiasmo era contagiante entre os músicos. Mas toda banda tem uma diretoria e toda diretoria acaba se esquecendo de seus deveres.
A época áurea chegava ao fim.
A banda foi reorganizada diversas vezes e por diversas vezes surgiram intrigas, disque-disques; meu pai, o JOAQUIM MAESTRO, acabou se desgostando e se despediu da banda na posse do prefeito Antonio Ferreira Leme. 
Foi a última vez que dirigiu os músicos.
Depois do meu pai, veio o EDMUNDO CACCIACARRO. Um maestro muito competente. Mas ele teve a mesma sorte que meu pai.
Nova tentativa foi feita com o maestro ANTONIO GUIMARÃES, o NENZINHO, como era chamado. 
O Nenzinho conseguiu reorganizar a banda em seis meses, fez algumas apresentações, mas depois foi embora sem dizer porque.
PEDRO ALVES foi o maestro sucessor de NENZINHO. 
Mas também ficou pouco tempo. Ele deixou a banda porque não recebia o pagamento, era uma coisa assim de 60 mil réis por mês. É que o PEDRO ALVES precisava desse dinheiro. Vivia com esse salário, não tinha outro trabalho. Como não pagavam, foi embora. 
O Prefeito, na época, era o Antonio Fogaça de Almeida, o Cirico.
A nova tentativa aconteceu comigo. Passei a reger a banda por insistência de Cirico. Mas se não pagavam o Pedro Alves, eu, muito menos.
Só recebi meus salários dois anos depois, quando a corporação musical ganhou diretoria nova.
A banda veio até 1.973, caindo aqui, levantando ali, até que parou de uma vez.
Agora, fiquei sabendo que existem pessoas que ainda gostam de música em nossa cidade. 
E que existe até um movimento para a formação de nova banda.
Deus queira que seja verdade.
São Miguel não pode ficar sem ela.
Afinal, banda é uma das nossas mais antigas tradições.
Vem desde os tempos do Tenente Urias. Isto é, desde 1.800".

ZECA MUNHOZ E BRAZ DA BANDA

Existiu em São Miguel Arcanjo, há tempos, um cidadão conhecido como ZECA MUNHOZ.
Zeca Munhoz ocupou cargos de destaque junto ao policiamento civil local. 
Era muito estimado pelo chefe político da época e pelos demais correligionários.
O característico dele era o uso da frase, ou interjeição adjetivada, como dizia o Gijo Válio, que ia logo exclamando, quando se aproximava do rolo de companheiros. "Eh, eh, moçada!".
Eh, eh, moçada!
Era esse o seu primeiro cumprimento. 
Sempre com um largo sorriso nos lábios.
Esse Zeca Munhoz tinha pouca letra, mal sabia escrever o próprio nome.
Era parente do conhecido BRAZ ALVES MUNHOZ, o Braz da Banda, que também seguiu o mesmo caminho do tio, e se tornou presidente de algumas associações na cidade, incluindo da Corporação Musical Lira Sãomiguelense, por diversas vezes, sem saber ler e nem escrever.
Nascido em 05 de julho de 1.946 no lar do casal José Gomes Munhoz e Maria Alves, no Bairro da Ferreirada, em São Miguel Arcanjo, Braz é irmão do Anísio, do Valdomiro, do João, do José, da Aparecida, da Madalena e do Reinaldo.
Bem, o Braz levou um grande susto na vida, quando pequeno - leia sobre isso no livrete publicado em maio de 2.010 pela Editora Trombetti, e que foi um dos primeiros projetos realizados pela Associação Casa do Sertanista de São Miguel Arcanjo.
Em consequência desse susto, Braz levou alguns anos para aprender a falar, a engatinhar, a andar, e também não pode estudar. 
Permaneceu com sérios problemas de coordenação motora e a concentração se limitou.
Mas Braz não se entregou.
No dia 25 de setembro de 1.962, o rapaz se projetou para dentro da Corporação Musical de São Miguel.
Tanto se empenhou, que lhe deram o cargo de arquivista.
Tinha, então, 16 anos.
Aprendeu a tocar pratos com José Ortiz de Camargo. 
E quando este faleceu, tomou o seu lugar e ficou então conhecido como BRAZ DA BANDA.
Nas alvoradas, era ele quem se levantava de madrugada para acordar os músicos.
E até hoje, aos 68 anos de idade, continua a sonhar que a banda volte a ser como naqueles sepultados tempos.