domingo, 1 de abril de 2018

"PADRE VICENTE GAUDINIERE" - OU GAUDINERI


Placa existente em Pirituba/sp


Extraído do jornal 
"Jerusalem", ano 3, nº 45, de 30/11/1900, pág. 1, que faz esta referência ao Padre Vicente Gaudiniere:

"Resplandece hoje em as columnas do Jerusalem, aureolado de muito carinho e de muito amor, o busto do magnanimo Padre Vicente Gaudiniere.
Personificação humilde da bondade, o virtuoso sacerdote como vigario, em as cidades de Morretes e depois na da Palmeira, impoz-se pela grandeza do seo coração, palladium aberto a cuja sombra os desgraçados e os infelizes sempre encontraram abrigo o mais sincero e o mais franco.
Fidalgo no trato, humilde entre os humildes, rebellado quando ferido na sua dignidade e na sua consciencia, sanctuario da liberdade, o virtuoso Padre Vicente adquirio amigos que o amam e despeitados que o detestam, que babujam sobre a sua respeitavel individualidade as mais torpes villanias, como se elle, meos senhores, não aspirasse muito alto, muito acima da lama, onde suinam as torpezas e as sordices da alma astrabica e visgosa dos seos quixotescos inimigos.
Sacerdote de Christo, puro e immaculado, um dia, quando os phariseos, em tropel desesperado, bateram á porta do Templo, a sua palavra ungida de piedade christam, os enchotou, e, elles miseraveis e vencidos ante tanta dignidade, fugiram, e de longe, occultos nas trevas, tramaram contra o virtuoso vigario da Palmeira a conspiração surda e indigna da calumnia, da trahição e da perfidia.
A Justiça, dorme, desfraldadou a bandeira branca da victoria, o Padre Vicente triumphara, e o Paraná levou-lhe a palma verde da solidariedade.
A Altiva Parochia da Palmeira proclamou a sua independencia da Diocese e o Sr. D. José de Camargo Barros vencido, recolheu-se á sachristia da sua vingança, mastigando a colera do odio, despejando sobre o magnifico sacerdote rebellado pragas e excumunhões, ridicula pantomima da piedosa egreja romana, hoje recebidas pelo livre espirito d'este fim de seculo de liberdade por entre gargalhadas.
Apoiado pelo povo da Palmeira, o Padre Gaudiniere, alli manteve-se respeitado e querido, até o dia em que circunstancias particulares o fizeram retirar-se para a Estação Rebouças, onde hoje vive, divorciado do convencional, pela liberdade de consciencia, trabalhando no comercio, amparando a pobreza, distribuindo a caridade, dilatando a verdadeira Religião de Jesus Christo, tão deturpada pelos padres Nazaldinnis, vivendo para outrem, humilde entre os humildes, feliz na sua velhice virtuosa e abençoada, expansivo e meigo, perdoando os seus inimigos, pedindo a Deos nas suas orações tão fervorosas e tão puras que os guie por melhor caminho, que os conduza a caminho de salvação.
Que se reflita no espelho de chrystal purissimo da sua grande alma o clero romano, transfuga da liberdade, aposta do amor, inimigo da Religião santificada no alto illuminado do Calvario pelo sangue do mais humilde e do maior de todos os homens, o doloroso Rabbi da Galliléa.
Mas, o virtuoso Padre Vicente Gaudiniere longe de abandonar o seo sagrado ministerio, abraçou-o com mais fervor ainda, attendendo a todos os chamados, que diariamente lhe são feitos dos diversos pontos do Estado, para onde elle corre pressuroso levar a extrema uncção a um agonisante, na sua palavra unginda de piedade e de muito amor, o batismo ás creanças, o enlace matrimonial aos que se amam, sem exigir delles ridiculas confissões auricular, erguer a hostia no sacrificio da missa, orar pelos que têm fome e sede de Justiça. 
Ah! que alma perfeitissima, a d'este sacerdote, que não conhece o rancor, que tem sempre, como Christo o teve, a sorrir, a cantar nos seos olhos o lyrio branco do perdão:"Perdoa-lhes, Pae, elles não sabem o que fazem."
( Jerusalem - Ano 3, nº 45, de 30/11/1900. )
- Do Caminhos do Sertão - 

Um comentário:

  1. Bom dia! Qual o grau de parentesco de quem reproduziu o texto com o padre Vicente Gaudiniere. Obrigada.

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