sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

BENEDITO VIEIRA: CABO, MÚSICO, PESCADOR...










A matéria acima foi feita por Luiza Válio, publicada em 2003. Que também escreveu sobre ele, como se lê abaixo, depois de sua morte em 2008.
Quem conheceu Benedito Vieira, o "Cabo Benê, com certeza lembrará dele como o homem das paixões.
Era um apaixonado por pesca, pela música, pela segurança pública, por São Miguel Arcanjo, o lugar que escolheu para viver durante várias décadas e aqui ser sepultado.
Nascido em Iporanga no ano de 1925, se estivesse vivo, no próximo mês de junho completaria 89 anos de idade.
Conheceu São Miguel no ano de 1958, quando para cá veio a fim de substituir por um mês apenas um colega que saíra de férias. Nessa época, já era cabo.
Essa substituição acabou durando cinquenta anos; fez jus ao título de "Cidadão Sãomiguelense".
A exemplo do que fizera quando soldado na vizinha Sorocaba, participando da Banda local, e também como organista que fora na Orquestra Panamérica, em Itapetininga,lá pelos anos 60, em São Miguel começou a acompanhar a dupla "Pé de Cedro e Zé das Flores", com os quais formou o trio "Os Trovadores do Sul".
Paralelamente começou a atuar ao lado de outra dupla, Irene e Zezo; dessa junção, nasceu "Os Uirapurus do Sertão".
Na banda lira, da Corporação Musical Sãomiguelense, era o ritmista - caixista - número um. 
Durante várias vezes tomou parte na diretoria da agremiação.
Música para o Cabo Benê era um dom natural: tudo "de ouvido".
Na década de 70 mantinha uma coluna no extinto jornal "Folha de São Miguel Arcanjo", do jornalista itapetiningano Ivo Cerqueira, onde relatava fatos policiais, contando tudo; a juventude de então, tida como "transviada", frequentemente era alvo de seus puxões de orelha.
Todavia, sempre aconselhou para que eles amassem mais seus pais, suas famílias, seus amigos; que fossem honestos e não usassem drogas; que não enveredassem pelo mau caminho e que aprendessem a tocar algum instrumento musical, nem que fosse só "de ouvido" como ele.
Aposentado desde 1977 como Subtenente da Polícia Militar, alguns anos depois esforçou-se para formar aqui a Guarda Municipal, o que aconteceu no ano de 1984.
O projeto estimulou a prefeitura de Pilar do Sul; o então prefeito Antonio Aiub solicitou o seu apoio para montar lá a sua Guarda Municipal.
Tecladista, muitas vezes fez o acompanhamento nas sessões solenes da Câmara Municipal por ocasião da entrega de títulos e em outras efemérides.
De fala mansa, era educado e afável com todos, conquistando um sem número de amigos, principalmente nas pescarias.
O Pantanal Matogrossense fazia parte dos seus sonhos de pescador; se não gostasse tanto de São Miguel Arcanjo, teria trocado esta terra por aquele maravilhoso pedaço de natureza.
Para o Cabo Benê, o lazer era a pescaria; a música, seu gozo espiritual e a segurança pública seu ganha-pão, de onde provinha o necessário para que pudesse satisfazer-se completamente como ser humano sem grandes ambições.
Aconteceu que um dia, o Cabo levou um tombo, quebrou a bacia, ficou traumatizado e nunca mais ousou sair da cama.
Quando os ensaios da banda aconteciam no Centro Comunitário "Adelina Prandini Ribas, sempre os colegas do músico passavam para saber dele, pois morava na esquina.
Deixou sozinha a dona Glória, sua segunda esposa, e os dez filhos, dentre eles o popular Bob Vieira, que nasceu em São Miguel mas foi para Itapetininga e nunca mais voltou a residir em sua cidade natal e também um enteado formado em Teologia. 
O Cabo Benê faleceu em junho de 2008.

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