sábado, 8 de novembro de 2014

MARIA ARANTES GALVÃO GUIMARÃES

Estive com ela, pouco antes do seu falecimento. 
Maria Arantes Galvão Guimarães mantinha ainda um pouco de menina, era quase uma garota, brejeira e leve como uma pluma, no auge dos seus 90 anos de idade, experiências e lições de vida.
Ávida pelos sentimentos que transmitia nas maneiras suaves de falar, de sorrir, de relembrar o passado como se estivera vivendo tudo de novo, era uma pessoa bastante sensível, mas sempre muito senhora do seu próprio caminho. 
Nascida em São Miguel Arcanjo no ano de 1915 no lar do
casal Leontino Arantes Galvão ( nascido em 1882 e morto em 1950, que foi prefeito na cidade) e Amélia Fogaça de Almeida Arantes Galvão ( nascida em 1892, filha de José Manoel Fogaça de Almeida e Joaquina Vieira de Albuquerque), teve onze irmãos: Lázara, Miguel, Manoel, Antonio Santana, Lígia, João, Francisco, Zilda, Florisa, José e Rosália.
No ano de 1939, Maria Guimarães casou-se com José Lima Guimarães, em Marília, tendo 
com ele três filhos: Lígia Maria, que se casou com Edward Rosa do Nascimento e aposentou-se como funcionária pública municipal; José Antonio, que se casou com Maria da Graça Oliveira; e Antonio Carlos, que se casou com Inês Parente.
O marido de Maria Guimarães foi assassinado em São Miguel Arcanjo e o autor do crime nunca pagou pena.
Maria Guimarães era professora "leiga", como sempre teimava em dizer. Viveu numa época em que a mulher tinha grande dificuldade para aprender as coisas, "quanto mais ensinar", como ela completava.
Deu aulas para o Anísio Vieira, o João Araujo, o Santino Vicente e muitos outros, alguns deles moradores no Bairro Rio Acima, em São Miguel, sempre rastreando a Revolução Constitucionalista, sempre junto com a Isaura Fogaça Vieira e a Dorvalina Seabra. Dorvalina formou-se professora.
A sala de aulas na cidade? 
Era uma sala emprestada da casa do João Araujo.
A professora titular chamava-se Iança; Maria Guimarães a substituía.
Ensinou o neto Edward a tocar violão.
Fazia poesias como ninguém.
"Vale das Montanhas Azuis", um dos seus mais lindos poemas, termina assim:

... "Ali a planície se alonga
Por entre o verde matiz
Ouve-se ao longe a araponga
Aqui: doirados colibris.
E o "Ribeira" caudaloso
Banhando a fértil região
- do solo bom generoso-
Serpeando entre o mar e o sertão".

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