terça-feira, 3 de julho de 2012

ACHEGAS PARA A HISTÓRIA DA IGREJA MATRIZ DE SÃO MIGUEL ARCANJO.



Um dos mais belos templos religiosos da região, a Igreja Matriz de São Miguel Arcanjo tem sido, desde a sua construção, o símbolo da fé de um povo que jamais mediu esforços para vê-la terminada. 
Desde o término da obra, nada mudou no seu exterior. Todavia, desde a sacristia até o altar, muita coisa foi dela retirado. 
Considerada um dos cartões postais mais significativos da cidade, deve-se essa maravilha ao esforço de uma coletividade inteira que servirá de exemplo às novas gerações.
Foi o padre Carlos Regattieri quem começou a sonhar com um templo maior que melhor abrigasse seu seleto rebanho. 
Havia até mesmo uns desenhos confeccionados pelo engenheiro Pieroni, todos em estilos góticos, os quais foram bastante analisados e, de posse desses desenhos, o padre andou atrás dos plantadores de algodão para tentar realizar a obra, pois sabia da impossibilidade financeira do povo do lugar que era muito pobre. 
Imaginava ele que se cada agricultor doasse uma arroba do seu produto tornaria possível a concretização do sonho. No entanto, o algodão naquela época não deu lucro para nenhum dos cotonicultores devido a algumas pragas que infestaram as suas plantações.
Assim, o sonho do Padre Carlos Regattieri foi adiado e ele também acabou sendo transferido de São Miguel Arcanjo para o município de Cerquilho no ano de 1.944.
Para que a cidade não permanecesse sem vigário, o padre Caetano Josino, responsável pela paróquia de Pilar do Sul, também passou a responsabilizar-se pela paróquia, visitando-a de quinze em quinze dias. 
Suas refeições eram feitas ora na casa do Major Luiz Válio ora na de Leôncio de Góes. 
Numa dessas paradas para o almoço, o padre se saiu com a ideia de iniciar os trabalhos de levantamento da nova Igreja. 
Só necessitava de uns 200 mil réis. 
Leôncio de Góes se encheu de coragem e começou a coordenar um movimento para a criação de uma comissão disposta a encetar uma longa empreitada atrás de colaboração financeira quer de políticos, quer de agricultores e do povo em geral.
Fizeram parte da comissão: Nestor Fogaça, José dos Santos Terra, Benedito Antonio de Souza, Hildebrando Leonel Ferreira, Michel Abrão, Narlir Miguel, Joaquim de Almeida, Francisco Rosa e Antonio B. Ribeiro. 
A planta foi aprovada pelo D. José Carlos de Aguirre, Bispo da Diocese de Sorocaba. 
A pedra fundamental foi assentada no primeiro dia de dezembro de 1.944 com a presença do prefeito da época, Major Luiz Válio, demais autoridades civis e militares e o povo em geral. 
O representante do bispo, Antonio Ferreira Leme, também presenciou o ato. 
Os trabalhos, porém, tiveram início só no dia 02 de janeiro de 1.945, devido às festas de fim de ano.
Começou, a partir de então, uma agitação tão grande como jamais se viu na história da cidade.
Toda a população engajou-se. Ninguém mediu esforços para ajudar. 
Cada comerciante da localidade contribuiu com a importância de quatro mil cruzeiros.
O Padre Caetano Josino, porém, não pode continuar ajudando na seqüência dos trabalhos, pois teve que voltar para sua paróquia, Pilar do Sul, definitivamente. 
Em seu lugar, o Padre Humberto Ghizzi que, ao chegar na cidade já pode utilizar-se do altar mor da nova igreja, oficializando a primeira missa no dia 06 de janeiro de 1.946. 
O padre Humberto também foi embora para outra paróquia e em seu lugar chegou o mais estimado de todos os padre que já passaram pela cidade, o padre Francisco Ribeiro, de Sorocaba, que só deixou seu rebanho quando faleceu, estando entre seus fiéis de 06 de fevereiro de 1.947 até 03 de março de 1.882. 
Foram seus primeiros coroinhas: Zé da Cota, Ivan de Góes, Chatuco, José Guedes, Filhinho, Antonio Galvão Terra e Antonio Terra. 
A construção terminou em definitivo no ano de 1.962. 
O total gasto na obra orçou em $ 61.077,43, quantia que hoje não daria para comprar nem os ladrilhos, como dizia o Padre Francisco.
O engenheiro responsável pela obra chamava-se Renato Scoponi, que hoje empresta seu nome a antiga Praça do Cruzeiro. 
O templo, em estilo gótico, abriga mais de 5 mil fiéis.
O relógio foi ofertado pelo libanês João Tomaz Webb, morador em São Paulo, a pedido do então prefeito Major Luiz Válio, que, ao saber que esse senhor havia recebido um bom prêmio da Loteria Federal, logo foi interceder pelo benefício.
A pia batismal foi ofertada pela colônia sírio- libanesa em 1.949. 
A placa em homenagem ao arcanjo São Miguel foi uma doação de Nestor Fogaça e família em 1.949. 
O portão dourado da saleta à esquerda da entrada principal foi doado pela família Torrell em 29 de setembro de 1.949.
Os vitrais foram doados por diversas famílias, e mais: de Antonio Primo Nalesso, da Câmara Municipal de São Miguel Arcanjo, da Empresa de Ônibus São Miguel e das Associações religiosas.
A sacristia do lado da epístola ficou em 42 mil cruzeiros e a do lado do evangelho em 30 mil cruzeiros. 
A nave do lado da epístola custou 11 mil cruzeiros (cada abóbada até em baixo). 
Toda a nave ficou em 50 mil cruzeiros. 
O acabamento externo findou em 1.958.
Lindos o piso do altar mor, todo em mármore, a mesa da comunhão também em mármore e degraus retos, curvas e portão em bronze. 
No ano de 1.965, o serviço de alto falante compunha-se de 22 caixas, amplificador, 2 microfones, 300 metros de fio, sonora, etc. 
As colunas e os capitéis foram revestidos e decorados pela empresa de Carlos Alberto Virgili que cobrou na época a importância de 250 mil cruzeiros; eram trabalhos em granelito polido com base, molduras e capitéis em gesso, estilo gótico. 
As paredes internas receberam serviços de lambris em granelito na cor creme, bonfim e madrepérola. 
Esses trabalhos foram entregues em 1.962.
As colunas, as meia colunas e os capitéis à esquerda da porta principal foram doados, na sequência, a começar pela meia lua, por Bento, Olímpio França e Filhos; Irmandade do Santíssimo; Congregação Mariana; Olímpio Dias e Filhos; Azarias Macário do Espírito Santo e família; Família Terra; Harif Miguel Daniel, Narlir Miguel e Filhos; Benedito Silva e Sérgio dos Santos França; Famílias Ribeiro, Pacheco, Santos e Altinier; Munira Ozzi Abrão e Filhos. 
Já as colunas, as meia colunas e os capitéis da direita de quem entra pela porta principal foram doados, na sequência, por José Ferreira Albuquerque; Manoel e Olga Fogaça; Paulo Fogaça e Filhos; Família Zacarias; Mário Carraro e senhora; Irmãos Fogaça; Maria das Dores de Oliveira; Nestor Guedes e Bárbara Coelho; Antonio Piedade e Filhos e Ademir Monteiro e Osvaldo Terra. 
Outras pessoas que ajudaram como doadores: Usina de Força e Luz (60 sacas de cimento), Sebastião Ferreira (candelabro), Congregação Mariana (20 mil cruzeiros para ajudar na compra de madeiramento), Hildebrando Leonel (dois anjos para o batistério), Moacir Graciano (700 metros quadrados de ladrilhos em 4 cores para o piso). 
Com doações em dinheiro, a Assembléia Legislativa de São Paulo, e os deputados Antonio Vieira Sobrinho, Nelson Fernandes, Gabriel Meglione, Diógenes Ribeiro de Lima e Brasílio Machado Neto. 
Os restos mortais do padre Francisco Ribeiro estão encerrados na parede à esquerda de quem entra pela porta principal. 


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